Origem do Café: História, Trajeto e Como Chegou ao Brasil

preparando café na fogueira
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Quem gosta de café, não deixa de tomar todos os dias. Mas nem sempre paramos para pensar na origem do café que chega em nossas xícaras.

A sua história, de onde veio ou como chegou por aqui, tornando-se uma bebida mundialmente famosa, para muita gente pode ser um mistério.

O café é extraído da semente (grão) do fruto da planta (cafeeiro) de origem africana, mais precisamente da região da Etiópia. Acredita-se que foi descoberto por um pequeno pastor ao notar que suas cabras ficavam alteradas após comerem os frutos de determinada planta.

Da Etiópia, o café seguiu para a Arábia, onde ficou por um tempo preservado em segredo. Isso porque, considerava-se uma planta milagrosa de uso medicinal. Mas o privilégio não se manteve, e o café acabou indo parar no Egito, ainda no século XVI. Mais tarde, o grão chegou à Turquia.

Na Europa do século XVII ele começou a ser produzido de início na Inglaterra e na Itália. Nesse primeiro momento, seu consumo passou por todas as classes sociais, incluindo intelectuais da época. Assim, logo se tornou muito popular e se espalhou por outros países como Suíça, Holanda, Alemanha, França e Dinamarca.

Até chegar ao Brasil, a trajetória do café deixou diversos registros importantes pelo mundo, com um legado cultural de muitos países.

Continue nos acompanhando abaixo para descobrir a origem do café e a sua incrível história, desde o início na África, sua chegada ao Brasil, até agora.

A Lenda Etíope sobre a Origem do Café

Embora não existam registros oficiais sobre a origem do café, sabemos que a planta é nativa das regiões altas da Etiópia (Cafa e Enária), no continente africano.

A história conta que, por volta de 575 d.C., na mesma época em que surgiram as lendas sobre a origem do café, que o seu consumo parece ter começado.

Nessa época, os etíopes se alimentavam do fruto do cafeeiro.

Segundo a lenda Etíope, um pastor de cabras chamado Khaldi notou que seus animais ficavam mais animados e cheios de energia após se alimentarem dos frutos amarelo-avermelhados de certo arbusto e suas folhagens.

Intrigado pelo comportamento das cabras, o pastor levou uma muda da planta para o monastério local para que os monges pudessem investigar. Temendo que tal planta fosse “diabólica”, os monges jogaram a planta na fogueira. Mas, ao sentirem o aroma de seus grãos torrados, resolveram investigar mais a fundo.

Outra versão afirma que o monge, ao receber a planta do pastor, decidiu preparar uma infusão com suas folhas e frutos, constatando depois de beber seus efeitos estimulantes.

A partir disso, os monges passaram a consumir o chá dos frutos do café em noites de reza, leitura e vigília, para se manterem alertas.

Há quem diga que, na Etiópia, a polpa do café era consumida crua junto às refeições, macerada ou misturada em banha. Produzia-se também suco a partir dos frutos, e quando fermentado se transformava em bebida alcoólica.

Além disso, suas folhas também eram mastigadas ou utilizadas para preparar chá, como os monges no início.

Ou seja, a história da origem tem várias versões. No entanto, desde o início, a planta do café teve muitos usos.

origem do café

Origem da palavra Café e o cultivo na Arábia

Embora o cafeeiro seja de origem africana, foi na região oeste da Arábia, no Iêmen, que os primeiros arbustos do gênero Coffea passaram a ser cultivados, por volta de 1250 e 1600.

O nome “café” tem origem árabe, que deriva da junção do nome da planta Kaweh e o nome da bebida “Kahwah ou Cahue”, que significa “Força”.

Nessa época, os pés de café eram plantados dentro dos monastérios islâmicos do Iêmen. Estes restringiam a sua produção comercial aos rituais religiosos.

Isso porque, de acordo com os princípios do Alcorão, o consumo de bebidas alcoólicas e outras drogas estimulantes era proibido.

No entanto, o café já demonstrava um grande potencial econômico durante o desenvolvimento da política mercantilista da época. Isso se deve às suas características estimulantes com possibilidade de ser uma nova droga no mercado era uma oportunidade bastante competitiva.

Foi então que o consumo do café se consolidou e passou a ser conhecido por “vinho da Arábia”. Seu comércio ganhou potencial no principal porto do Iêmen, na região de Mocka, ganhando escala comercial no século XIV e XVI.

Contudo, a sua venda era monopolizada pelos árabes, que não permitiam a exportação das sementes.

Mas, como só se conseguia a planta roubando algumas pessoas passaram a procurar alternativas.

Segundo outra lenda indiana, foi um monge chamado Baba Budan escondeu alguns grãos verdes e levou o café para a Índia. Ele tomou essa decisão depois de provar o café e se apaixonar pela bebida em uma viagem à Meca.

A Origem do Café nas Cafeterias

Independente disso, foi a Turquia que levou os créditos pela difusão da bebida no mundo. Por meio da criação da primeira cafeteria em 1475: o Kiva Han, o país deu fama à bebida. Foi depois da inauguração do espaço que o consumo do café ganhou também um caráter social.

O conceito se popularizou em 1574, com a abertura das cafeterias no Cairo e em Meca. Estes espaços viraram referência para artistas e poetas.

Ao mesmo tempo, viraram motivo de preocupação do governo, que chegou a proibir o consumo de qualquer alimento torrado na cor negra.

A lei tinha o intuito de evitar que as pessoas se reunissem nas cafeterias para beber café e conspirar contra o governo, ou quem sabe até planejarem uma rebelião.

Mas isso não foi suficiente para frear o consumo do café. Foi então que os turcos inventaram a torra clara e, com isso, o café otomano.

grãos de café

As origens na Europa

Os produtos do Oriente já despertavam interesse de comerciantes do Ocidente, que se aventuravam em rotas paras as Índias e outras regiões à procura de novidades.

Foi desde a sua expansão das Arábias que toda a Europa se curvou aos encantos e excentricidade do café.

A sua chegada no Ocidente é marcada por questões políticas e econômicas. Inclusive, sendo até romantizada em uma das composições de Johann Sebastian Bach.

Porém, tendo que superar muitos entraves até a sua popularização com a abertura de cafeterias em vários países europeus.

Em 1615, o café chegou em Veneza através da Botteghe del Caffè, um dos locais responsáveis pela propagação das suas técnicas de torra e moagem, mas era considerado um artigo de luxo.

Já em 1616, comerciantes holandeses conseguiram trazer mudas clandestinas de Mocka para o jardim botânico de Amsterdã, passando a cultivá-las em estufas. Em seguida, as técnicas de torra e moagem foram se espalhando pela Europa, incentivando a abertura de mais cafeterias.

Era uma época de mudanças socioculturais e políticas. Por isso, o consumo do café foi logo associado a encontros sociais embalados de música e debates ao redor das mesas das cafeterias.

Mas, a bebida desagradava religiosos da época, por conta de movimentos de Contra-Reforma, que desejavam instaurar novamente o catolicismo. Este movimento considerava o café uma bebida herege, visto que era muçulmana.

Foi então que o Papa Clemente VIII propôs batizar o café e torná-lo cristão com o intuito de amenizar os embates.

A primeira cafeteria a ser aberta foi a Pasquar Rosee, em Londres (1652). Sua instalação gerou um enorme sucesso mesmo com muitas tentativas de boicotes de comerciantes dos bons vinhos e queijos locais.

Em seguida, vieram a Le Procope em Paris (1686) e a Florian Piazza San Marco, em Veneza, que existem até hoje.

Origem na América

Desde que os holandeses passaram a cultivar mudas de café em pequenas estufas em Amsterdã. Eles foram os principais responsáveis pela disseminação da bebida pelo mundo, visto que tinham o controle do comércio europeu e os melhores navios.

Como sabiam da viabilidade comercial, bem como entendiam das exigências de cultivo da planta, foi mais fácil para os holandeses introduzirem as plantações de café nas colônias das Índias Orientais.

Foi então que, até o final daquele século, o café já estava sendo plantado em Java, Suriname (antiga Guiana Holandesa), Sumatra, Indonésia, Jamaica, etc. Assim, acabava-se o monopólio da Arábia e criando uma demanda de mercado cada vez maior.

Depois disso, os holandeses abriram cafeterias em Nova Amsterdã (Nova York) e na Filadélfia, na América no Norte.

Dessa forma, todas as regiões sob controle da Holanda se tornaram exportadoras de café e, junto com os franceses e portugueses, eles passaram a transportar café para o resto da América.

fazenda plantação de café

A Origem do Café Moderno à Máquina

Nem com todos os esforços contra a popularização do café, as cafeterias na Europa deixaram de se desenvolver.

Pelo contrário, pois por volta do século XVII, enquanto florescia o Iluminismo e os ideais da Revolução Francesa se concretizavam, o consumo do café só crescia.

Com isso, surgiu a necessidade de processos mais ágeis para o preparo de uma boa xícara de café.

Já que a Europa vivia o início da Revolução Industrial (XIX), cientistas começaram a pesquisar formas de produzir café em máquinas a vapor.

Angelo Moriondo, em Turim na Itália, quem criou um dos primeiros protótipos do que seria uma máquina de café. A partir de uma invenção para reduzir o tempo de produção de cervejas, aparentemente de processo semelhante, criou a primeira máquina de café.

A máquina possuía uma caldeira que aquecia a água, levando-a até um duto com borras de café. Neste espaço ocorria a mistura para ser levada até outra caldeira, de onde saía o café pronto.

Só que foi em 1901, em Milão, que Luigi Bezzera aperfeiçoou a máquina de Moriondo. O italiano introduziu um porta-filtro, compartimentos para os grãos e outras inovações, a fim de produzir em poucos segundos uma xícara de café.

Depois disso vieram muitas outras evoluções, tanto em máquinas como em moedores e demais métodos de preparo.

Mas, e a Origem do Café no Brasil?

A história do café ao Brasil também envolve uma série de histórias e conflitos de interesses econômicos.

A primeira muda da planta foi trazida ao país em 1727, por Francisco de Melo Palheta (por vezes, grafado erroneamente como Francisco de Mello Palheta). Este era um bandeirante a serviço da Coroa Portuguesa.

Sargento-mor, encarregado do reconhecimento de trajetos fluviais para defesa do território português no Brasil, ele foi enviado à Guiana Francesa como uma espécie de diplomata para exigir o cumprimento do Tratado de Utrecht, que dizia respeito à fronteira entre as colônias.

Há quem acredite que a sua missão, na verdade, era conseguir sementes de café para o Brasil.

Foi então que o militar conseguiu se aproximar da esposa do governador de Caiena (capital da Guiana Francesa na época), a Madame d’Orvilliers, e cumpriu o seu objetivo. Desse modo, retorna ao Brasil com um buquê de flores, que continha grãos de café clandestinamente escondidos dentro dele.

Depois disso, Francisco começou o cultivo do café no Pará. Neste local, devido às condições climáticas, foi possível manter uma produção voltada apenas para consumo regional, se multiplicando facilmente.

Mas, foi no sudeste que a produção café começou a tomar grandes proporções, sendo expandida por João Alberto de Castello Branco, quem introduziu o café no Rio de Janeiro, desenvolvendo um novo ciclo econômico.

cafeteria preparando delicioso café

A Trajetória do Café Brasileiro

Entre 1760 a 1780, o café passou a ser cultivado no Rio de Janeiro, em São Paulo e em Minas Gerais em larga escala. Sendo que, em 1779 foi exportado pela primeira vez, tornando-se um produto de grande importância para a economia e um investimento independente da Coroa Portuguesa.

Esse caminho acabou mudando a nossa história até hoje!

Assim, a economia do Brasil do século XIX experimentou grande avanço com a chegada da cafeicultura. A cultura do café motivou a construção de estradas e ferrovias para escoamento da produção.

Além disso, influenciou a vinda de imigrantes para trabalhar nas lavouras, avanços tecnológicos em vários os setores e a instauração da indústria e a urbanização.

Aliás, em São Paulo, os fazendeiros utilizaram mão de obra de imigrantes europeus, que para eles eram mais rentáveis que a escrava.

As fazendas de café se espalharam das matas da Tijuca no Rio de Janeiro para o vale do Paraíba, Campinas, avançando para Minas Gerais e Espírito Santo.

Nesta época, o Brasil era responsável por cerca de 70% da produção mundial de café e todos os nossos recursos passaram a depender disso.

São Paulo e Minas Gerais foram os primeiros estados brasileiros a enriquecer, alternando presidentes da República apenas entre paulistas e mineiros, na famosa “Política do Café com Leite”.

Desequilíbrio na produção

Tudo ia bem até que houve a famosa quebra da Bolsa de Nova York em 1930, e a economia dos Estados Unidos entrou em uma enorme crise, afetando também as nossas exportações, visto que os americanos eram os nossos maiores compradores de café.

Foi então que o governo decidiu comprar toneladas de café de vários produtores e queimá-las para diminuir a oferta no mercado e manter o seu preço estável, impedindo uma crise maior.

A partir desse desequilíbrio na cafeicultura, muitos investidores passaram a se interessar por outros setores e as indústrias despontaram cada vez mais no país, especialmente no sudeste.

O Café no Mercado Brasileiro Atual

Após a crise, o Brasil conseguiu retomar o ritmo acelerado de produção e aumentou a concorrência pela produção do café, entre países como Colômbia, Vietnã e Indonésia.

O café se tornou a segunda commodity mais comercializada no mundo, apenas atrás do petróleo, sendo que em 1997 conseguimos bater o recorde em exportação de quase 3 milhões de dólares.

Atualmente o Brasil sustenta cerca de 30% da produção mundial de café, ocupando 2,2 milhões de hectares distribuídos entre 1900 municípios, divididos em mini e pequenos produtores principalmente.

Cerca de 85% da produção de café Arábica (leia sobre ele aqui) do país se concentra nos estados de Minas Gerais (70%), São Paulo, Bahia e uma pequena parte no Espírito Santo.

Só entre 2012 e 2017 nossas exportações totalizaram 200 milhões de sacas (60 kg), gerando 35 bilhões de dólares em divisas para o país, gerando também mais de 8 milhões de empregos.

O ano de 2017 sozinho gerou uma receita de 5,24 bilhões de dólares para o país (Dados do Ministério da Agricultura e ABIC).

Hoje somos um dos maiores produtores e exportadores de café há 150 anos, ocupando a segunda posição entre maiores consumidores da bebida.

Além disso, a nossa legislação trabalhista e ambiental em relação ao café é considerada uma das mais exigentes do mundo.

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